El presidente de Colombia, Gustavo Petro, en una imagen de archivo.EFE/Carlos Ortega

Petro afirma que há “sérias dúvidas” sobre eleições venezuelanas e pede transparência

Bogotá (EFE).- O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta quarta-feira que existem “sérias dúvidas” sobre as eleições presidenciais do último domingo na Venezuela e pediu ao governo do país vizinho uma apuração “transparente” e que aceite o resultado, “seja qual for”.

“As sérias dúvidas que se estabelecem em torno do processo eleitoral venezuelano podem levar seu povo a uma profunda polarização violenta com graves consequências de divisão permanente de uma nação que soube unir-se muitas vezes na sua história”, escreveu Petro em uma mensagem na rede social X, em sua primeira manifestação sobre as eleições no país caribenho.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgou na noite de domingo seu único boletim até agora e concedeu a vitória ao presidente Nicolás Maduro com 51,2% dos votos, contra 44,2% do opositor Edmundo González Urrutia, um resultado que tem sido questionado pela comunidade internacional.

O Carter Center, que participou como observador nas eleições, afirmou na terça-feira que o processo “não estava em conformidade” com os parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral, razão pela qual “não pode ser considerado democrático”.

“Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem em paz, permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”, acrescentou Petro.

Mensagens para Maduro e para os EUA

“O presidente Maduro tem hoje uma grande responsabilidade de lembrar o espírito de (Hugo) Chávez e permitir que o povo venezuelano retorne à tranquilidade enquanto as eleições terminam com calma e o resultado transparente é aceito, seja qual for”, declarou Petro, que tem uma relação de proximidade com o venezuelano, com cujo governo restabeleceu relações diplomáticas poucas semanas depois de assumir a presidência colombiana, em agosto de 2022.

Petro comentou ainda que, enquanto se realiza uma apuração transparente, é necessário manter a tranquilidade das «forças cidadãs opostas» para «travar a violência que leva à morte», em referência aos protestos contra o resultado divulgado pelo CNE que deixaram pelo menos menos 11 mortos na Venezuela até agora.

“Propomos respeitosamente que se chegue a um acordo entre o governo e a oposição que permita o máximo respeito pela força que perdeu as eleições. Esse acordo pode ser entregue como uma Declaração Unilateral de Estado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas”, sugeriu.

O presidente colombiano também pediu ao governo dos Estados Unidos que “suspenda os bloqueios e decisões contra os cidadãos venezuelanos”.

“O bloqueio é uma medida desumana que só traz mais fome e mais violência do que já existe e promove o êxodo em massa de pessoas. A emigração da América Latina para os EUA diminuirá substancialmente se os bloqueios forem levantados”, salientou.

Ao defender a paz e a tranquilidade no país caribenho, Petro observou que “tudo o que acontecer na Venezuela afetará a Colômbia e vice-versa”.

Nesse sentido, lembrou que “o governo venezuelano tem ajudado a paz da Colômbia” como sede ou garantidor das conversas com os grupos guerrilheiros e por isso seu governo “quer ajudar a paz da Venezuela”. EFE