Rio de Janeiro (EFE).- O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu nesta quarta-feira perante os parceiros do Mercosul que o acordo comercial com a União Europeia (UE) é “estratégico” e, por isso, espera que seja assinado “muito em breve”, após o último revés nas negociações.
“Nossa expectativa é de poder o acordo de associação muito em breve”, disse o chefe da diplomacia brasileira durante a reunião do Conselho do Mercado Comum, que reúne os chefes de Relações Exteriores e de Economia do bloco sul-americano no Rio de Janeiro.
Em seu discurso, divulgado por escrito pelo Itamaraty, Vieira insistiu que nos últimos seis meses, em que o Brasil ocupou a presidência rotativa do Mercosul, houve “importantes avanços” nas negociações com o bloco europeu.
Neste sentido, foi enfático ao destacar que o pacto com os europeus “tem uma dimensão estratégica inequívoca” e representará “um ponto de inflexão” para ambas as partes.
“Com esse instrumento, estamos reforçando a identidade do nosso bloco como um ator econômico global”, acrescentou.
Da mesma forma, destacou que o texto, negociado há mais de duas décadas, estabelece “as bases de uma integração de cadeias produtivas nos dois lados, e nos dois sentidos”.
“Há ganhos a serem obtidos pelas economias do Mercosul no mercado europeu, tanto para ampliar as exportações, como também para aquisição de tecnologias que deverão aprimorar a nossa competitividade”, considerou.
A UE e o Mercosul têm negociado a criação de um mercado comum de 700 milhões de pessoas há mais de 20 anos.
Em 28 de junho de 2019, chegaram a um acordo político com vários pontos em aberto, mas desde então várias exigências de ambos os lados do Atlântico, especialmente nos âmbitos agrícola e ambiental, turvaram o processo de negociação.
O Brasil esperava fechar o tratado antes do final deste ano, embora a rejeição frontal de vários países europeus, liderados pela França, e a relutância da Argentina, às vésperas da posse de seu novo presidente, Javier Milei, tenham impedido.
Além disso, a Argentina sustenta que o acordo precisa de uma revisão porque o de quatro anos atrás está “obsoleto”, enquanto o Paraguai, que assumirá a presidência rotativa do Mercosul no primeiro semestre de 2024, anunciou que não priorizará o diálogo com o bloco europeu e apostará em outros mercados.
A reunião de chanceleres do Mercosul acontece nesta quarta-feira, no Museu do Amanhã, no Rio, na véspera da reunião de presidentes. EFE