Um turista em um camelo no deserto do Qatar. EFE/Alberto Estevez

Dunas brancas e adrenalina são atrações do deserto no país da Copa

Javier Picazo Feliu.

Doha (EFE).- Observar a imensidão de areias brancas contrastando com o pôr do sol vermelho, sentir a adrenalina ao atravessar as dunas em um veículo com tração nas quatro rodas e, de repente, se surpreender com o mar são apenas algumas das maravilhas proporcionadas pelo deserto do Qatar, uma parada obrigatória para todos que forem ao país para assistir à Copa do Mundo.

A temporada de inverno no deserto, conhecida pelos locais como Al Enna, começa justamente durante a competição. As dunas de areia branca tornam-se a casa dos qatarianos que aproveitam a oportunidade para acampar ou nadar em um dos poucos lugares do mundo onde o mar corre para o deserto.

“O deserto aqui é muito diferente do que se imagina. A areia é de cor muito mais branca. Não é como a vermelha alaranjada. Portanto, é bastante diferente do que a maioria das pessoas provavelmente espera. Também há muitos espaços que são terrenos muito firmes, então é como dirigir em uma rodovia”, disse Berthold Trenkel, diretor de Operações de Turismo do Qatar.

As principais atividades que podem ser realizadas são curtir um eio em um veículo 4×4 em alta velocidade com motoristas experientes, andar de camelo, praticar kitesurfe, assistir a uma sessão de caça com falcões, descer as dunas em uma prancha ou participar de uma festa em uma tenda beduína tradicional.

“Se você quer adrenalina e ação, pode percorrer o deserto em um 4×4 pelas dunas ou praticar sandboard. É uma experiência maravilhosa. Tente chegar de manhã bem cedo, e quando eu digo cedo, você tem que se levantar e sair da cidade às 4 horas da manhã. São apenas 60 minutos de carro, mas apreciar o nascer do sol no deserto é uma experiência mágica”, acrescentou.

Mar interior: água e areia se unem no deserto no Qatar

O Mar Interior ou Khor Al Adaid, como os qatarianos o chamam, é uma paisagem extraordinária em que as dunas e o mar se unem, formando uma cena difícil de esquecer.

Localizado no sudeste do país e reconhecido pela Unesco como a maior reserva natural do Qatar, abriga uma rica vida selvagem, marinha e vegetal. É possível encontrar tartarugas, flamingos e, com sorte, antílopes e camelos.

“O deserto fica de frente para o leste, então o sol nasce sobre a água. O normal é vivermos em cidades ou com montanhas por perto, mas isso é algo muito diferente”, disse Trenkel.

É uma paisagem única em que predominam zonas rochosas, planaltos erguidos por uma dunas em contraste movimento e natureza selvagem, que abre caminho exuberantemente em contato com a água.

O Mar Interior é uma grande baía de cerca de 15 quilômetros de norte a sul e até 12 quilômetros de leste a oeste ligada à Arábia Saudita através de um canal relativamente estreito. É de surpreender constatar que da costa do Qatar é possível ver, como uma miragem no deserto, a imensidão da vizinha Arábia Saudita.

A qualidade ambiental da região a uma variedade de espécies marinhas extraordinárias, muitas delas ameaçadas de extinção como os dugongos, um enorme animal vegetariano de cerca de 2,5 metros semelhante ao peixe-boi quando sai para respirar e põe sua enorme cabeça acima da superfície da lagoa.

À tarde, quando a maré baixa, o sol fica avermelhado, fazendo com que as dunas mudem de cor em um espetáculo que vale a pena curtir.

O deserto do Qatar e a alma beduína

O deserto e sua vegetação têm sido o lar de tribos beduínas, habitantes considerados a origem do povo árabe. A área foi outrora lar de colônias de agricultores e pescadores, um estilo de vida que hoje quase desapareceu completamente, com pequenas exceções de pastores de camelos que aproveitam as áreas do planalto com pastos.

“Para os habitantes locais, o deserto é algo especial. É o mais importante. Especialmente para os moradores locais que gostam de ar lá os fins de semana. E você encontra o que em termos locais são chamados de lojas pré-fabricadas. Então pense em um trailer: estacionam no deserto e montam tudo como se fosse um camping”, disse.

Famosas por se organizarem em famílias e viverem em tendas retangulares feitas de pelos de animais, as tribos beduínas se dedicaram a percorrer o deserto em busca de áreas para agricultura, adaptando-se aos movimentos das dunas e à disponibilidade de água.

É nesses locais que eles podem reviver sua essência nômade: “Esses acampamentos costumam funcionar de outubro ou novembro a março ou abril. É uma temporada de seis meses em que o clima é bonito e as pessoas gostam de curtir o deserto. Podem acender uma fogueira ou apenas aproveitarem o sossego com os amigos. Bebem chá ou karak (bebida típica do Qatar com chá, leite, especiarias e açúcar) ou café árabe”, contou.

É um momento tranquilo que pode ser usado para procurar o animal nacional do país, o antílope árabe, conhecido por sua pelagem branca e chifres longos e que pode ar semanas sem água potável.

Estes animais que andam livres graças, em parte, à chamada Operação Antílope, um projeto de conservação adotado no país para que eles sejam criados em cativeiro e soltos no deserto, algo que permitiu que haja mais de mil exemplares de antílopes selvagens na Península Arábica.

Quem quiser vê-los de perto sem os contratempos do deserto pode visitar o santuário Al-Maha, que permite aprender sobre seu modo de vida peculiar e fica apenas meia hora de carro a oeste de Doha. EFE