O porta-voz da Presidência da Rússia, Dmitry Peskov. EFE/Arquivo

Kremlin espera que fechamento de fronteiras com Rússia não crie nova Cortina de Ferro

Moscou (EFE).- O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, expressou nesta sexta-feira sua confiança de que a decisão da Finlândia de fechar quase completamente a sua fronteira com a Rússia não levará à criação de uma nova Cortina de Ferro como durante a Guerra Fria.

“Por enquanto, certamente, é prematuro falar sobre isso. Vemos muita retórica agressiva do outro lado, mas esperemos que não chegue a esse ponto”, disse o porta-voz presidencial russo durante sua entrevista coletiva diária por telefone.

Peskov respondeu assim à questão sobre o fechamento de todas as agens de fronteira com a Finlândia, exceto uma, e os planos de outros países, como Noruega, Lituânia e Estônia, para fazerem o mesmo.

As autoridades finlandesas fecharam a fronteira a partir da meia-noite de hoje e até 23 de dezembro, embora inicialmente tenha falado que a manteria fechada até fevereiro do próximo ano.

Milhares de russos e finlandeses têm familiares do outro lado da fronteira, razão pela qual esta medida tem causado grande descontentamento entre estas comunidades, especialmente no noroeste da Rússia.

Além disso, Peskov também se referiu aos supostos planos da Otan de criar uma espécie de “Schengen militar” para permitir o livre trânsito de tropas através do continente europeu.

“A Aliança sempre considerou o nosso país um virtual adversário. Agora vê abertamente o nosso país como um inimigo claro. Isto nada mais é do que alimentar tensões na Europa, o que terá as suas próprias consequências”, advertiu.

O porta-voz presidencial comentou ainda que isto mostra que “a Europa não quer dar resposta às nossas preocupações”, particularmente no que diz respeito à segurança indivisível.

“Ou seja, falam da segurança deles em detrimento da nossa”, frisou.

Além disso, alegou que é a infraestrutura militar da Otan que se aproxima das fronteiras russas e não o contrário, um dos argumentos utilizados por Moscou para iniciar sua atual campanha militar na Ucrânia.

“Isso não pode deixar de causar preocupação e não pode deixar de levar a medidas de resposta para garantir a nossa própria segurança”, completou.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de traçar novas linhas divisórias no continente e a União Europeia de adotar uma postura de subserviência aos Estados Unidos.

Devido às sanções contra Moscou pela guerra na Ucrânia, Putin virou as costas ao Ocidente e reforçou os laços com países asiáticos, árabes, africanos e latino-americanos. EFE