Fotografia aérea de um incêndio em Miranda, no Brasil, em 18 de novembro de 2023. EFE/Isaac Fontana

Da Amazônia ao Ártico, incêndios destruíram 81 milhões de hectares na última década

Redação Central (EFE).- Da bacia amazônica ao Ártico, as florestas do mundo estão queimando como resultado dos efeitos das mudanças climáticas, do desmatamento e do uso insustentável da terra, o que fez com que 81 milhões de hectares de florestas fossem devorados pelo fogo em todo o mundo somente na última década.

Entre 2012 e 2022, um total de 81,5 milhões de hectares foram queimados, de acordo com dados do Global Forest Watch, que indicam que 2016, um dos anos mais quentes já registrados, foi o pior ano para incêndios, enquanto a Austrália levou a Oceania a ser o continente mais devastado por essa catástrofe climática nesses anos.

Na cúpula do clima (COP28), que está sendo realizada em Dubai, os países abordarão o aumento mundial de secas e ondas de calor, associado às mudanças climáticas e, principalmente, à redução significativa das chuvas, o que favorece florestas mais inflamáveis e enfraquecidas, que queimam com facilidade, gerando incêndios de sexta geração impossíveis de serem apagados.

O desmatamento de florestas é outra causa importante de incêndios, especialmente na agricultura comercial e de subsistência, e a maior parte da perda de florestas está atualmente concentrada na América Latina, na Oceania, na África Subsaariana e no Sudeste Asiático.

Para lidar com esse grave problema, os ambientalistas defendem a proteção dos direitos humanos dos povos indígenas e das comunidades locais, promovendo a conservação de áreas ricas em biodiversidade e a manutenção de serviços ecossistêmicos, além de enfatizar a legalidade da produção, do comércio e das cadeias de suprimentos sustentáveis.

Outro fator agravante dos incêndios é o uso insustentável da terra, que deteriora a qualidade dos solos, tornando-os mais vulneráveis às chamas. Por isso, as políticas ambientais exigem uma “governança da terra” que possa reduzir claramente as pressões das atividades econômicas sobre a terra.

Na Amazônia brasileira, que absorve milhões de toneladas de dióxido de carbono, os incêndios, em sua maioria relacionados ao desmatamento, destruíram quase 20% desse ecossistema único, que também é o garantidor da estabilidade climática global, entre 1985 e 2022.

O Círculo Polar Ártico, uma das áreas que atualmente está se aquecendo duas vezes mais rápido que o resto do planeta, viu nas últimas décadas como os incêndios florestais, especialmente na República Sakha da Rússia, dizimaram milhões de hectares e aumentaram as emissões de CO2 em uma catástrofe sem precedentes em intensidade e duração nessa região.

A Austrália, cuja temporada de incêndios florestais começou na costa leste há apenas um mês, enfrenta um cenário climático mais seco do que o normal devido ao El Niño, um fenômeno natural causado por correntes no Oceano Pacífico que, agravado pelo aquecimento global, pode causar desastres devastadores.

A Europa também não é poupada dos incêndios, especialmente os países mediterrâneos, como Grécia, Espanha e Itália, mas também Argélia e Tunísia, que neste verão sofreram a perda de milhares de hectares de florestas, inúmeras mortes e graves perdas econômicas.

Um verão de temperaturas extremas levou ao maior incêndio na União Europeia desde 2000 em Evros (Grécia) no verão de 2023, de acordo com dados do Programa de Observação da Terra da UE.

A Espanha, que está localizada no marco zero da mudança climática, também foi afetada por incêndios, especialmente o da ilha de Tenerife, que, impulsionado por ventos fortes, calor e baixos níveis de umidade, e classificado como de sexta geração devido à sua grande intensidade e poder destrutivo, foi o pior das Ilhas Canárias nos últimos 40 anos e o pior da Espanha em 2023. EFE