O campo de refugiados de Al Maghazi, no sul da Faixa de Gaza. EFE/Mohammed Saber

Israel usa a fome e a sede de civis em Gaza como arma de guerra, denuncia HRW

Jerusalém (EFE).- Israel nega deliberadamente comida e água aos habitantes da Faixa de Gaza para usar a fome como arma de guerra em sua ofensiva contra o grupo islâmico Hamas, o que constitui um crime de guerra, denunciou nesta segunda-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

“As forças israelenses estão bloqueando deliberadamente o fornecimento de água, alimentos e combustível, ao mesmo tempo que impedem intencionalmente a assistência humanitária, aparentemente devastando áreas agrícolas e privando os civis de fornecimentos essenciais para sua sobrevivência”, afirmou a HRW em um comunicado.

Esta política é “promovida ou apoiada por altos funcionários israelenses e reflete a intenção de matar de fome os civis como método de guerra”, disse Omar Shakir, diretor da organização para Israel e os territórios palestinos.

“Os líderes mundiais deveriam pronunciar-se contra este abominável crime de guerra, que tem efeitos devastadores na população de Gaza”, destacou.

A organização sediada em Nova York entrevistou vários residentes da Faixa, que descreveram a escassez de água potável e alimentos: “Estamos constantemente à procura das coisas que precisamos para sobreviver”, disse um pai de dois filhos.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU informou no último dia 14 que 93% das famílias deslocadas internamente têm um consumo alimentar inadequado, enquanto o o à água continua muito limitado: menos de 2 litros por pessoa por dia, quando se estima que sejam necessários 17 para sobreviver.

“O Direito Internacional Humanitário, ou as leis da guerra, proíbem a fome de civis como método de guerra”, lembrou a HRW, assegurando que a fome intencional de civis “privando-os de objetos essenciais à sua sobrevivência, incluindo o impedimento da remoção intencional de fornecimentos de ajuda humanitária” é um crime.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, após um ataque do Hamas que incluiu o lançamento de milhares de mísseis contra Israel e a infiltração de cerca de 3 mil membros do grupo islâmico que massacraram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram outras 250 em cidades israelenses perto da Faixa.

Desde então, Israel contra-atacou por ar, terra e mar, causando mais de 19 mil mortes e 51 mil feridos – a maioria deles mulheres e crianças – na Faixa, além de 1,9 milhão de pessoas deslocadas, 85% da população total, que sobrevive em tendas em pleno inverno e no meio de uma profunda crise humanitária devido ao colapso dos hospitais, à eclosão de epidemias e à escassez de água potável, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível.

Israel, que bloqueia a Faixa de Gaza desde 2007 por ar, terra e mar, impôs um corte total dos serviços em 9 de outubro, e depois retomou o abastecimento de água a algumas partes do sul de Gaza em 15 de outubro e, a partir do dia 21, permitiu que ajuda humanitária limitada chegasse através da fronteira entre o Egito e o enclave, mas revelou-se insuficiente.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel não permitiria que a assistência humanitária entrasse em Gaza através de suas fronteiras, mas após pressão dos Estados Unidos, ontem abriu sua agem Kerem Shalom e deixou 79 caminhões com ajuda humanitária entrarem na Faixa. EFE