Redação Central (EFE) – Cerca de 70 países, que juntos representam mais da metade da população mundial, entre eles Estados Unidos, Rússia, Índia, México, Venezuela, Taiwan e os da União Europeia (UE), irão às urnas em 2024, paradoxalmente em um contexto de ameaças à democracia.
O Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA), organização com sede em Estocolmo, na Suécia, concluiu em seu último relatório que a democracia está em declínio em todo o mundo devido a ameaças à integridade dos processos eleitorais, à independência do judiciário, à segurança, à liberdade de expressão e à liberdade de reunião, mesmo em países com sistemas democráticos estabelecidos.
Entre os pleitos de 2024 estão as eleições para o Parlamento Europeu, a serem realizadas nos dias 6, 7, 8 e 9 de junho nos 27 países da UE, que determinarão a direção da política do bloco, embora as que mais chamam a atenção sejam as eleições presidenciais nos EUA, marcadas para 5 de novembro, cujos resultados sempre têm impacto no cenário geopolítico global.
Americanos e russos elegem seus presidentes
Previsivelmente, como as primárias ainda não foram realizadas, os candidatos serão os mesmos de 2020: o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, que representam modelos opostos de país.
Já em 17 de março, a Rússia realizará suas primeiras eleições em nível federal desde o começo da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, com Vladimir Putin, de 71 anos, o atual chefe do Kremlin, concorrendo à reeleição pela quinta vez desde 2000 e com quase certeza de vitória.
As eleições, nas quais nenhum candidato da oposição aberta participará, serão uma espécie de referendo sobre o progresso da campanha militar da Rússia na Ucrânia, na qual o Kremlin ainda não atingiu as metas que estabeleceu quando invadiu o país vizinho.
O mandato do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expira em 31 de março, mas enquanto a lei marcial estiver em vigor devido à guerra com a Rússia, as eleições não poderão ser convocadas, embora ele tenha sugerido a possibilidade de legislar para permitir sua realização.
A Venezuela também deve realizar eleições presidenciais em 2024, mas ainda não há data para uma votação na qual a oposição unida, que se absteve de participar em 2018, decidiu participar como resultado de uma longa negociação política com o governo chavista, com o objetivo de obter garantias de imparcialidade e justiça eleitoral.
A grande questão é se a ex-deputada María Corina Machado, eleita nas primárias, mas inabilitada para ocupar cargos públicos eletivos, poderá finalmente ser a candidata da oposição, conforme exigido por países como os EUA, que apoiaram ativamente a negociação entre governo e oposição.
Já as eleições gerais programadas para 4 de fevereiro em El Salvador estão em questão porque o popular presidente, Nayib Bukele, tentará obter um segundo mandato consecutivo, algo não previsto na Constituição do país, mas endossado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
El Salvador, Nicarágua, Haiti, Venezuela e Guatemala aparecem no relatório do International IDEA sobre o estado da democracia no mundo no grupo de países onde ocorreu um declínio democrático.
De acordo com a revista “The Economist”, mais de 4,1 bilhões de pessoas, ou 51% da população mundial, residem em países onde 2024 é um ano eleitoral, como é o caso do México.
O próximo presidente do México sairá das eleições de 2 de junho, nas quais, pela primeira vez na história, duas mulheres são as principais candidatas: a pró-governo Claudia Sheinbaum, ex-chefe de governo da Cidade do México; e Xóchitl Gálvez, ex-senadora e líder da plataforma de oposição Força e Coração pelo México.
Na América Latina, também estão programadas eleições gerais (presidenciais e parlamentares) no Panamá (5 de maio), na República Dominicana (19 de maio) e no Uruguai (27 de outubro).
Taiwan começará o ano com eleições presidenciais (13 de janeiro) realizadas em um momento de crescente tensão entre Taipei e Pequim, que reivindica a soberania sobre o território, e com o candidato do Partido Democrático Popular (PDP), no poder, e atual vice-presidente, William Lai (Lai Ching-te), liderando as pesquisas.
Na chamada “maior democracia do mundo”, a Índia – país mais populoso (1,428 bilhão de pessoas) e terceira maior economia do mundo – as eleições também serão realizadas em 2024 (abril e maio) e o primeiro-ministro, Narendra Modi, tem boas chances de ganhar um terceiro mandato consecutivo, de acordo com as pesquisas.
Dois países europeus, Portugal e Bélgica, renovarão seus parlamentos em 2024: o primeiro em 10 de março e de forma antecipada – como resultado da renúncia do primeiro-ministro, o socialista António Costa, devido a uma investigação de corrupção -, e o segundo em 9 de junho e coincidindo com as eleições para o Parlamento Europeu. EFE