O papa Franciso. EFE/ Riccardo Antimiani

Papa pede ao mundo maior compromisso com o direito humanitário e a população civil

Cidade do Vaticano (EFE).- O papa Francisco pediu, nesta segunda-feira, “um maior compromisso da comunidade internacional” com o direito humanitário em um momento em que não há “uma distinção entre alvos militares e civis” e os conflitos “atingem indiscriminadamente a população civil”.

“Ucrânia e Gaza são uma prova clara disso. Não devemos esquecer de que as graves violações do direito internacional humanitário são crimes de guerra, e que não basta demonstrá-las, mas é necessário evitá-las”, disse em seu tradicional discurso de começo do ano perante o corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé.

Em seu longo discurso, o pontífice, que voltou a apelar a uma “política de desarmamento global” e ao diálogo como “alma da comunidade internacional”, além de evitar a “colonização” e “polarizações ideológicas”, revisou a situação internacional, em particular as guerras de Gaza e Ucrânia, para as quais apelou ao cessar-fogo e ao início das negociações.

“Reitero o meu apelo a todas as partes envolvidas para que concordem com um cessar-fogo em todas as frentes, incluindo no Líbano, e para a imediata libertação de todos os reféns em Gaza” e “peço que a população palestina receba ajuda humanitária e que hospitais, escolas e os locais de culto tenham toda proteção necessária”.

Francisco lembrou que “todos ficamos chocados com o ataque terrorista contra a população de Israel em 7 de outubro” e que o que causou foi “uma situação humanitária muito grave, com um sofrimento inimaginável”.

“Confio que a comunidade internacional promoverá com determinação a solução de dois Estados, um israelense e um palestino, bem como um estatuto especial garantido internacionalmente para a cidade de Jerusalém, para que israelenses e palestinos possam finalmente viver em paz e com segurança”.

Além disso, a guerra em Gaza “desestabiliza ainda mais uma região frágil e cheia de tensões”, disse, sem esquecer o povo sírio, que “vive em instabilidade econômica e política”, como os libaneses, a quem dirigiu “um pensamento particular “com a esperança de que (…) em breve teremos um presidente”.

Francisco também se referiu à “guerra em grande escala da Federação Russa contra a Ucrânia”, destacando que depois de quase dois anos “a paz desejada ainda não foi alcançada”, apesar “de numerosas vítimas e da enorme destruição” e afirmou: “É necessário pôr fim à tragédia em curso através de negociações, respeitando o direito internacional”.

E sobre “a situação tensa entre Armênia e Azerbaijão”, apelou “às partes para que cheguem à de um tratado de paz” porque “é urgente encontrar uma solução para a dramática situação humanitária de seus habitantes” e “é incentivado o retorno das pessoas deslocadas às suas casas de forma legal e segura”.

Na África, destacou “o sofrimento de milhões de pessoas devido às múltiplas crises humanitárias (…) devido ao terrorismo internacional, aos complexos problemas sócio-políticos e aos efeitos devastadores das mudançs climáticas” e recordou “os dramáticos acontecimentos no Sudão”, “bem como as situações das pessoas deslocadas em Camarões, Moçambique, República Democrática do Congo e Sudão do Sul”.

E em relação ao continente americano, afirmou que “embora não haja guerras abertas”, “existem fortes tensões entre alguns países, por exemplo entre a Venezuela e Guiana, enquanto em outros, como o Peru, observamos fenômenos de polarização que prejudicam a harmonia social e enfraquecem as instituições democráticas”.

“Segue sendo preocupante também a situação na Nicarágua; é uma crise que já dura há algum tempo, com consequências dolorosas para toda a sociedade nicaraguense, em particular para a Igreja Católica. A Santa Sé não deixa de convidar ao diálogo diplomático respeitoso do bem dos católicos e de toda a população”, concluiu. EFE