O campo de refugiados de Rafah. EFE/Arquivo/HAITHAM IMAD

Especialistas da ONU denuncian uso de IA por Israel para cometer “domicídio” em Gaza

Genebra (EFE).- Quatro especialistas em direitos humanos das Nações Unidas denunciaram nesta segunda-feira o “domicídio” (destruição sistemática de casas e outras infraestruturas civis) que Israel está cometendo na Faixa de Gaza, para o qual, segundo eles, estão sendo usadas tecnologias avançadas de inteligência artificial (IA).

Essas práticas têm causado “danos sem precedentes em termos de vítimas civis e destruição de casas, serviços vitais e infraestrutura”, disseram os especialistas, incluindo a relatora da ONU para os Territórios Palestinos, sca Albanese, em comunicado.

“Após seis meses de ofensiva militar, a destruição da infraestrutura civil e de moradias em Gaza, medida como uma porcentagem do total, é a maior em qualquer conflito de que se tem memória”, analisaram os especialistas.

Esse “domicídio” é, de acordo com os signatários, um crime que pode ser considerado um crime contra a humanidade ou até mesmo um indício de genocídio, conforme já denunciado em um recente relatório de Albanese apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

“Em um momento em que autoridades israelenses unem vozes para pedir que os palestinos deixem Gaza, ou para o retorno dos assentamentos de colonos, não há dúvida de que os objetivos de Israel vão muito além da mera vitória militar sobre o Hamas”, diz a declaração.

“Estamos particularmente preocupados com o suposto uso da IA para atingir as casas das famílias dos suspeitos militares do Hamas, especialmente à noite, quando eles estão dormindo”, enfatizaram os especialistas.

Também assinam a declaração os relatores da ONU sobre moradia (Balakrishnan Rajagopal), sobre violência contra mulheres e meninas (Reem Alsalem) e sobre o direito à alimentação (Michael Fakhri).

Outra prática preocupante é o bombardeio de grandes áreas residenciais e prédios públicos, especialmente nas primeiras semanas do conflito, “com a intenção aparente de aterrorizar a população e aumentar a pressão sobre o Hamas”.

Entre 60% e 70% das casas na Faixa de Gaza foram danificadas ou destruídas em seis meses de ataques, chegando a 84% no norte do enclave, segundo os especialistas.

Dada a escala da destruição, os especialistas enfatizam que a reconstrução da Faixa de Gaza é essencial, algo pelo qual Israel, o país ocupante, tem a responsabilidade primária, “juntamente com os países que lhe dão apoio militar, material e político”, enfatizaram os relatores. EFE