EFE/Arquivo/Ettore Ferrari

Cristina Kirchner diz que misoginia e machismo não têm “bandeira partidária”

Buenos Aires (EFE) – A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner se referiu nesta sexta-feira à denúncia de suposta violência de gênero da ex-primeira-dama Fabiola Yáñez contra o ex-presidente Alberto Fernández e ressaltou que “misoginia, machismo e hipocrisia” não têm “bandeira partidária”.

“A misoginia, o machismo e a hipocrisia, pilares sobre os quais se baseia a violência verbal ou física contra as mulheres, não têm bandeira partidária e atravessam a sociedade em todos os níveis”, escreveu Cristina na rede social X (ex-Twitter).

A mensagem da ex-vice-presidente de Fernández questionou duramente seu ex-companheiro de chapa e descreveu as fotos de Yáñez espancada, publicadas nas últimas horas pela imprensa local, como “não apenas mostrando o espancamento que ela recebeu, mas também revelando os aspectos mais sórdidos e sombrios da condição humana”.

A ex-presidente começou sua mensagem dizendo que “Alberto Fernández não foi um bom presidente” e enfatizou que, embora esse tenha sido o caso de muitos chefes de Estado na história argentina, as imagens divulgadas na noite ada “SÃO OUTRA COISA (sic)”.

Cristina se referiu às fotos em que Yáñez pode ser vista com hematomas significativos em várias partes do corpo e que, segundo ela, “mostram a surra que ela recebeu”, ao mesmo tempo em que “nos permitem ver, mais uma vez e de forma dramática, a situação das mulheres em qualquer relacionamento, seja ele em um palácio ou em uma tapera”.

“Pessoalmente, e como uma mulher que foi submetida (e continua sendo submetida) às piores violências verbais e políticas, até a experiência final da violência física, como a tentativa de assassinato de 1º de setembro de 2022, expresso minha solidariedade com todas as mulheres vítimas de qualquer tipo de violência, sem esquecer as palavras que o (papa) Francisco me disse no dia seguinte a esse evento: ‘Toda violência física é sempre precedida de violência verbal'”, concluiu a ex-presidente.

As declarações de Cristina, que não teve um bom relacionamento com Alberto Fernández durante o período como vice-presidente, foram feitas três dias após a divulgação da denúncia de Yáñez, que coincidiu com uma viagem do ex-presidente ao México.

Yáñez, de 43 anos, atriz e jornalista de profissão, decidiu na última terça-feira apresentar uma queixa contra Fernández por violência de gênero depois que a Justiça, como parte de uma investigação sobre possível tráfico de influência por parte da ex-presidente, encontrou conversas e imagens que indicam a suposta prática do crime de lesão contra a ex-companheira do peronista de 65 anos.

Após a decisão de Yáñez de apresentar a queixa, o juiz federal Julián Ercolini proibiu Fernández de deixar a Argentina e ordenou que ele não se aproximasse ou entrasse em contato com sua ex-companheira por qualquer meio.

Na terça-feira, em breve comunicado no X, o ex-presidente negou as alegações de Yáñez. EFE