Rio de Janeiro (EFE).- A África do Sul pressionará por um crescimento econômico sustentável que beneficie a África e os países do Sul Global durante sua presidência rotativa do G20, anunciou o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, nesta terça-feira, na cerimônia de substituição do Brasil no comando do grupo das maiores economias do mundo.
“Usaremos este momento para colocar as prioridades de desenvolvimento do continente africano e do Sul Global mais firmemente na agenda do G20”, disse Ramaphosa durante a sessão de encerramento da cúpula de chefes de Estado e de governo do G20, de acordo com um comunicado da presidência sul-africana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a transferência de poder em uma breve cerimônia no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde se sentou ao lado do governante sul-africano.
Pretória assumirá a presidência em 1º de dezembro e a manterá até 31 de novembro de 2025, sob o tema “Solidariedade, igualdade e sustentabilidade”.
“O trabalho da presidência brasileira abordou alguns dos desafios mais urgentes de nosso tempo. Saudamos o maior foco na agenda de desenvolvimento a partir da perspectiva dos países com economias em desenvolvimento”, anunciou Ramaphosa.
O presidente sul-africano disse que seu país buscará “solidariedade” e “parceria” para ajudar as pessoas que estão sofrendo “seja em Gaza, no Sudão ou na Ucrânia”.
“Devemos ser solidários com os países mais vulneráveis a pandemias e outras emergências globais de saúde pública”, disse o mandatário, referindo-se ao surto de mpox (anteriormente conhecida como varíola do macaco) que já deixou 53.903 casos (11.147 confirmados) e 1.109 mortes neste ano em 19 países africanos.
“Por meio de nossa presidência, trabalharemos para combater a desigualdade, que é uma grande ameaça ao crescimento econômico e à estabilidade global”, acrescentou.
De acordo com Ramaphosa, uma evidência dessas disparidades é a “falta de financiamento previsível e sustentável e de capacitação para a ação climática”, uma solicitação que também está presente na Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP29) em Baku, no Azerbaijão.
“A desigualdade se manifesta na dívida sufocante que forçou muitos países a renunciarem a programas de desenvolvimento para lidar com dívidas exorbitantes”, enfatizou o presidente.
Dessa forma, a África do Sul concentrará seu trabalho à frente do G20 em três pilares temáticos: crescimento econômico inclusivo, industrialização, emprego e desigualdade, segurança alimentar e inteligência artificial e inovação.
O país africano encerrará um ciclo em que os 19 países que compõem o G20 se revezaram no comando do fórum, de modo que a coordenação do órgão caberá em 2026 novamente aos Estados Unidos, com o republicano Donald Trump no poder.
A África do Sul será o quarto país em desenvolvimento e do chamado Sul Global a presidir o grupo, posição que foi ocupada pela Indonésia em 2022, pela Índia em 2023 e pelo Brasil em 2024. EFE