Valeta (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, denunciou nesta quinta-feira a inutilidade da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e fez um alerta sobre o perigo da transição de uma guerra fria para uma guerra quente devido ao conflito na Ucrânia.
“Não resta uma única área em que a OSCE possa desempenhar qualquer papel, mesmo que seja minimamente útil para encontrar respostas a questões diretas no âmbito da sua função”, disse Lavrov na reunião ministerial da OSCE, realizada em Malta.
O ministro russo acusou os membros da Otan e da União Europeia (UE) de marginalizarem a OSCE dos processos políticos em curso no mundo, em alusão ao advento de uma nova ordem mundial multipolar.
Em particular, lamentou que a organização mantenha um “silêncio sepulcral” sobre as ações da Ucrânia contra a cultura e a religião russas, e que não tenha investigado os ataques aos gasodutos Nord Stream, que ligam Rússia e Alemanha, pelos quais o Kremlin atribui a culpa aos Estados Unidos.
O chefe da diplomacia russa comentou ainda que, depois da “vergonha afegã”, as potências ocidentais precisavam de “um novo inimigo unificador”.
“Como resultado, temos a reencarnação da Guerra Fria, só que agora com um risco muito maior de ar para sua fase quente”, advertiu.
A este respeito, fez um apelo para que se evite a repetição na região Ásia-Pacífico das “tragédias” que acontecem nas áreas onde chega o “Tio Sam”, do Afeganistão ao Haiti.
“A istração (do presidente dos EUA Joe) Biden está transferindo infraestruturas da Otan para a região da Ásia-Pacífico. Estão sendo criados blocos militares ali, aliás, com uma essência nuclear, e os exercícios militares estão sendo ampliados com o envolvimento da Otan no Mar do Sul da China, no Estreito de Taiwan e ao redor da Península Coreana”, ressaltou.
“Há claramente uma tentativa de desestabilizar todo o continente euro-asiático”, acrescentou.
Por outro lado, aproveitou a ocasião para condenar a decisão das autoridades maltesas de cancelar no último minuto o visto da sua porta-voz, Maria Zakharova, o que considerou um abuso por parte da presidência da OSCE.
Esta é a primeira visita do chefe da diplomacia russa a um país da União Europeia desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Lavrov, que frequentemente substitui o presidente Vladimir Putin em muitos eventos internacionais, e Zakharova são sancionados pela UE, pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. EFE