O presidente da Argentina, Javier Milei. EFE/Antonio Lacerda

Milei diz que “Mercosul e suas restrições têm sido um obstáculo para os argentinos”

Montevidéu (EFE) – O presidente da Argentina, Javier Milei, disse nesta sexta-feira, durante sua participação na Cúpula do Mercosul, que o bloco e suas restrições “têm sido um obstáculo para os argentinos”.

“Embora a responsabilidade pelo fracasso da Argentina recaia principalmente sobre décadas de política econômica destrutiva, o Mercosul e suas restrições têm sido um obstáculo para os argentinos”, declarou.

Milei afirmou que, no final da década de 1980, com o mundo “completamente fraturado” após a Guerra Fria e a polarização ideológica, o bloco sul-americano surgiu como uma forma de tentar integrar os mercados de seus países, eliminando tarifas, burocracia e dupla tributação.

“Um sistema de tarifa externa comum foi proposto para tentar proteger a indústria de nossos países, acreditando que isso traria um benefício para nossos cidadãos. Infelizmente, o caminho para o fracasso é pavimentado com boas intenções”, enfatizou.

Milei destacou que não é uma surpresa para um liberal como ele que o resultado das medidas “tenha sido o oposto do que se pretendia”. Ele alegou que a tarifa externa comum tornou as importações mais custosas, tornando as indústrias locais mais caras, e fechando inúmeros canais de comércio.

“Tanto pela rigidez da tarifa externa comum como pelas inúmeras barreiras tarifárias que inventamos ao longo dos anos, tanto o comércio do Mercosul com o mundo quanto o comércio dentro do Mercosul se deterioraram”, disse.

Ele enfatizou que a existência de tarifas tão altas torna a vida mais cara para os cidadãos e “nega a eles a possibilidade de melhorar sua qualidade de vida”.

“Não é coincidência que, de meados da década de 1990 até hoje, a participação do Mercosul no comércio mundial tenha caído de 1,8% para 1,6%”, acrescentou.

O presidente argentino disse que, enquanto vizinhos como Chile e Peru se abriram para o mundo e firmaram acordos comerciais com os protagonistas do comércio global, o Mercosul se fechou em seu próprio aquário, tentando por 20 anos fechar um acordo que hoje comemora e que “ainda está longe de ser uma realidade”.

“Não é de se surpreender que as economias de nossos vizinhos tenham crescido muito mais do que a nossa. Enquanto eles têm acordos de livre comércio com mais de 20 países, nós temos tratados semelhantes com o resto da América, Egito e Israel”, concluiu. EFE