Paris (EFE).- A Assembleia Nacional da França aprovou nesta quinta-feira duas resoluções apresentadas pela esquerda contra a ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
Ambas as resoluções, as primeiras a serem votadas desde que a Comissão Europeia assinou o acordo com o Mercosul em dezembro de 2024, foram aprovadas por unanimidade.
Os textos foram apresentados pela legenda A França Insubmissa (LFI) – a maior força da esquerda sa – e pelo Partido Socialista (PS).
O texto da LFI destaca que sua rejeição ao pacto UE-Mercosul é uma questão de princípio, pois não depende se o acordo contém ou não cláusulas-espelho.
Já para o PS, essas cláusulas, que obrigariam os exportadores para a UE a respeitar as normas sociais e fitossanitárias vigentes no bloco europeu, devem constar do acordo.
A rejeição do pacto assinado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se tornou um símbolo do descontentamento dos agricultores ses, que temem uma concorrência desleal nos setores de carnes e frutas e vegetais.
Essa disputa também gerou um amplo consenso social e político na França, que vai da extrema-esquerda à extrema-direita, ando pela direita conservadora, pelo centro liberal e terminando no presidente do país, Emmanuel Macron.
No entanto, Paris teme que o pacto possa entrar em vigor se a Comissão dividir o texto em dois. Nesse caso, o capítulo de investimentos ficaria de um lado, e o capítulo comercial de outro, o que evitaria uma tentativa de veto da França, que teria que se aliar a outros países para bloqueá-lo.
Na semana ada, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, levantou a possibilidade de modificar o acordo com cláusulas de salvaguarda e “freios de emergência” para evitar a desestabilização de certos setores econômicos, como foi feito ao limitar a chegada de alguns produtos agropecuários da Ucrânia, depois de ter suspendido as tarifas sobre este país.
O acordo entre europeus e sul-americanos também alimentou as divergências entre França e Alemanha, que é favorável devido às esperadas exportações de carros e máquinas industriais. O governo espanhol também apoia o pacto pelo valor estratégico que terá para a UE. EFE