Cidade do Panamá (EFE).- O Canal do Panamá desmentiu a afirmação do governo dos Estados Unidos de que o país centro-americano concordou em não cobrar navios americanos pelo trânsito pela hidrovia interoceânica, um anúncio feito após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em meio à pressão do presidente Donald Trump.
“Em resposta a uma publicação divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA, a Autoridade do Canal do Panamá, que tem autoridade para definir pedágios e outras taxas para transitar pelo Canal, anuncia que não fez nenhum ajuste aos mesmos”, anunciou a agência em comunicado.
A Autoridade do Canal do Panamá (A), independente por mandato constitucional do governo panamenho, acrescentou, no entanto, em um tom conciliatório, que com “absoluta responsabilidade” está “pronta para estabelecer um diálogo com as autoridades americanas relevantes com relação ao trânsito de navios de guerra dos EUA”.
A reação da A veio horas depois que o Departamento de Estado dos EUA, em uma mensagem na rede social X, anunciou que “o governo do Panamá concordou em não cobrar mais taxas dos navios do governo dos EUA que transitam pelo Canal do Panamá, economizando milhões de dólares por ano”.
O anúncio provocou imediatamente um grande debate no Panamá, com muitos vendo a neutralidade ou a soberania do Canal em risco.
Também na quarta-feira, o Pentágono informou que o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, havia comentado durante uma ligação no dia anterior com o ministro de Segurança Pública do Panamá, Frank Abrego, sobre o interesse dos EUA em “garantir o ir” ao Canal e “mantê-lo livre de interferência estrangeira”.
A conversa ocorreu em meio à tensão entre as duas nações após o apelo do presidente dos EUA, Donald Trump, para “retomar” o controle do Canal do Panamá devido à suposta influência chinesa na hidrovia.
Em resposta a isso, o governo panamenho concordou em não renovar o acordo de cooperação com a China sobre a nova Rota da Seda, entre outras medidas.
“Menos de um milhão de dólares por ano”.
A Autoridade do Canal do Panamá já havia adiantado no último domingo a Marco Rubio que trabalharia com a Marinha dos EUA para “otimizar o trânsito prioritário de suas embarcações” pela hidrovia interoceânica, embora não tenham sido fornecidos mais detalhes.
“A Autoridade do Canal do Panamá comunicou ao secretário Rubio sua disposição de trabalhar com a Marinha dos EUA para otimizar o trânsito prioritário de seus navios pelo Canal”, disse a organização em um comunicado logo após a visita do chefe da diplomacia americana ao canal, onde se reuniu com o , Ricaurte Vásquez.
Trump baseia suas ameaças na suposta presença da China na hidrovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico e no tratamento “injusto” dos navios dos EUA, apesar das evidências das informações oficiais do Panamá, que mostram que os navios americanos pagam as mesmas tarifas que os outros, de acordo com o tratado de neutralidade.
De acordo com dados recentemente fornecidos à Agência EFE pelo Canal do Panamá, de 1998 até o final do ano fiscal de 2024 (26 anos), de um total de 373.039 navios que transitam pelo canal, 994 (0,3%) correspondem a trânsitos de navios de guerra e submarinos da Marinha dos EUA.
“Nesse período, a receita de trânsito desse conceito foi de US$ 25,4 milhões, o que equivale a menos de um milhão de dólares por ano”, detalhou.
Desde a inauguração da hidrovia em 1914, os pedágios pagos por navios de guerra de qualquer país, incluindo os Estados Unidos, são calculados com base nas toneladas máximas de deslocamento de água, bem como para dragas e docas secas flutuantes, de acordo com a A. Essa estrutura de pedágio é diferente da usada para definir pedágios para embarcações comerciais. EFE