Jean-Noël Barrot. EFE/Arquivo/OLIVIER HOSLET

França diz que eventual envio de tropas para a Ucrânia será discutido com acordo de paz

Paris (EFE).- A França considera prematuro falar do envio de tropas de paz europeias para a Ucrânia, uma questão que só pode ser levantada quando houver um acordo de paz e nenhum país participante da reunião de emergência realizada na segunda-feira em Paris disse ter qualquer intenção de enviar seus militares.

Essa foi a posição expressa nesta terça-feira pelo ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, sobre as divergências entre os europeus sobre essa delicada questão, em uma entrevista à rádio “ Info”, na qual insistiu que os europeus necessariamente terão que estar presentes em qualquer mesa de negociação sobre a Ucrânia.

“Isto não é um pedido, é uma constatação”, enfatizou Barrot, acrescentando que “a realidade é implacável. Somente os ucranianos poderão decidir deixar de combater quando chegar a hora, e eles somente o farão quando tiverem certeza de que a paz alcançada será duradoura. E como eles terão essa certeza? Somente se tiverem garantias de que não serão atacados novamente”.

“Quem fornecerá essas garantias? Os europeus. Portanto, pela força das circunstâncias, os europeus estarão ao redor da mesa em um ou outro momento”.

O chefe da diplomacia sa insistiu que o envio de tropas para a Ucrânia “não é uma questão que está sendo levantada agora” e que na reunião organizada ontem em Paris pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com os chefes de Governo de outros sete países europeus “ninguém disse que pretendia enviar tropas para a Ucrânia”.

A questão, na sua opinião, é alcançar uma paz duradoura, diferente daquela dos acordos de Minsk entre Rússia e Ucrânia há dez anos, porque “foi violada 20 vezes” e levou Moscou a acabar invadindo o território ucraniano.

Embora a França considere prematura a possibilidade do envio de tropas, não a descarta.

Barrot disse que, para deter a ameaça russa e impedir que ela se aproxime do resto dos países europeus, eles terão que fazer “esforços maiores” do que aqueles feitos com os acordos de Minsk para evitar uma nova agressão.

“Que forma essas garantias tomarão? É muito cedo para discutir essa questão”, repetiu o ministro, acrescentando que isso terá que ser resolvido “quando a paz for alcançada para que possa ser garantida verdadeiramente”.

Questionado sobre o encontro em Riad entre o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, e seu homólogo americano, Marco Rubio, sem a Ucrânia e sem os europeus, o chefe da diplomacia sa disse não se opor à ideia de que “os Estados Unidos queiram arrastar (Vladimir) Putin para a mesa de negociações”.

Mas ressaltou que Vladimir Putin não é motivado pelo diálogo, mas pela pressão.

De qualquer forma, reiterou a posição dos europeus: “Cabe aos ucranianos dizer o que é negociável e não vamos impor nada a eles”.

Sobre a vigência da OTAN como garantia da defesa da Europa diante dos gestos do governo de Donald Trump, Barrot considerou que ela continua sendo o órgão adequado, mas com mudanças.

“Embora a OTAN seja uma aliança que nos une aos Estados Unidos”, argumentou, “Washington deixou muito claro que vai reduzir seu envolvimento” na Europa, razão pela qual Macron vem insistindo desde 2017 que a defesa europeia deve ser fortalecida.

Nesse sentido, comemorou o fato de que ontem os líderes europeus disseram que os gastos militares deveriam ser mantidos fora das regras sobre o limite do déficit e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tomou nota e se manifestará “em alguns dias”. EFE