Washington (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de “ditador” e o advertiu que, se ele não agir “rapidamente”, seu país poderá desaparecer.
“Um ditador sem eleições. É melhor Zelensky agir rápido ou ficará sem um país”, escreveu Trump em sua rede social, Truth Social, na qual criticou o líder ucraniano por “se recusar a realizar eleições” e por estar “muito abaixo nas pesquisas na Ucrânia”.
Zelensky, que foi eleito presidente em 2019, poderia ter se candidatado à reeleição em eleições que deveriam ter sido realizadas em março ou abril de 2024, mas que não ocorreram devido à imposição da lei marcial por causa da guerra.
Segundo Trump, “a única coisa” em que Zelensky era bom era “manipular à vontade” o ex-presidente americano Joe Biden (2021-2025), que se destacou por seu apoio à Ucrânia e por apresentar uma frente unificada à Rússia, coordenando com a União Europeia as sanções e a ajuda militar.
“Enquanto isso, estamos negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos item que apenas Trump e o governo Trump podem fazer”, enfatizou o líder americano.
Subiu o tom
A mensagem de Trump é uma escalada no tom depois que ele já havia, na terça-feira, culpado a Ucrânia por “iniciar” a guerra com a Rússia e ridicularizado Zelensky como um negociador ineficaz e “grosseiramente incompetente”, dizendo que o país deveria ter chegado a um acordo após três anos de conflito.
“Pense nisso: um comediante moderadamente bem-sucedido, Volodymyr Zelensky, convenceu os Estados Unidos a gastar US$ 350 bilhões em uma guerra que não era vencível, que nunca precisou ter começado, mas que ele, sem os EUA e sem Trump, nunca será capaz de resolver”, escreveu o republicano.
Trump, que tem criticado bastante a quantidade de dinheiro que os EUA enviaram à Ucrânia, afirmou que o país gastou US$ 200 bilhões a mais do que a Europa na causa e questionou por que seu antecessor, Joe Biden, a quem ele chama depreciativamente de “Sleepy Joe Biden” (Joe Biden dorminhoco), não exigiu uma distribuição mais equitativa dos gastos.
Na verdade, os países europeus, incluindo a União Europeia, enviaram mais ajuda à Ucrânia do que os EUA, com uma alocação de 132 bilhões de euros em comparação com os 114 bilhões de Washington, embora Washington supere a Europa na entrega de ajuda militar, de acordo com dados oficiais.
“Essa guerra é muito mais importante para a Europa do que para nós. Temos um grande e belo oceano nos separando”, declarou Trump, repetindo uma ideia que ele já expressou em outras ocasiões e que reflete sua visão isolacionista dos EUA devido à sua localização geográfica.
Dinheiro “desaparecido”
Apesar das grandes somas de dinheiro enviadas pelos EUA para a Ucrânia, Trump criticou a issão de Zelensky de que “metade” do dinheiro enviado a ele está “desaparecido”.
Os comentários do presidente referem-se a uma entrevista concedida por Zelensky à “Associated Press” em 2 de fevereiro, na qual ele afirmou que, dos US$ 177 bilhões que os EUA teriam enviado à Ucrânia, seu país havia recebido apenas US$ 75 bilhões.
Essas declarações geraram confusão e levaram alguns veículos de comunicação a questionar o que havia acontecido com os US$ 100 bilhões restantes que supostamente estavam “desaparecidos”.
Na realidade, de acordo com o think tank Center for Strategic and International Studies (CSIS), apenas uma parte do dinheiro que os EUA alocam para a guerra na Ucrânia permanece sob controle ucraniano, pois grande parte dos fundos é gasta em outras atividades indiretamente relacionadas ao conflito, como o treinamento de tropas ucranianas.
Por fim, Trump concluiu sua postagem com críticas a Zelensky, Biden e à Europa.
“Biden nunca tentou, a Europa falhou em fazer a paz e Zelensky provavelmente quer que a ‘torneira de dinheiro’ permaneça aberta. Eu amo a Ucrânia, mas Zelensky fez um trabalho terrível, seu país está devastado e milhões morreram desnecessariamente. E assim continua…”, analisou.
O relacionamento entre Trump e Zelensky azedou após as conversas na Arábia Saudita entre uma delegação dos EUA e representantes russos para pôr fim à guerra, das quais nem a Ucrânia nem seus aliados europeus participaram. EFE