Madri (EFE) – A defesa da liberdade de expressão, as investigações sobre violência de gênero e a poluição ambiental em Brasil, Peru, Colômbia, Argentina, Venezuela e Espanha estão entre os temas dos trabalhos finalistas dos Prêmios Rei da Espanha de Jornalismo Internacional, que são uma referência entre profissionais e veículos de comunicação da Ibero-américa.
Organizados pela Agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), a premiação, que oferece 10 mil euros em cada uma de suas seis categorias, reconhece o trabalho de jornalistas de línguas espanhola e portuguesa dos países da Comunidade Ibero-Americana de Nações e daqueles com os quais a Espanha mantém laços históricos e relações culturais e de cooperação.
Para a 42ª edição dos prêmios, o júri selecionou dois finalistas em cada uma das categorias, entre 256 inscrições recebidas de cerca de 20 países.
Categorias e Finalistas
Jornalismo Narrativo. Reconhece a melhor história, em qualquer mídia, que contribua para o direito à informação.
Os finalistas são:
– “Dorada Opacidad: los mecanismos oscuros del tráfico masivo del oro en Sudamérica”. Uma investigação transfronteiriça sobre o tráfico ilegal de ouro liderada por Convoca (Peru) – uma organização de jornalismo investigativo fundada em 2014 por jornalistas, analistas de dados e programadores – com a colaboração de profissionais de Brasil, Equador, Colômbia e Venezuela.
– “Violencia de género: la Justicia tiene datos de supuesto maltrato de Alberto Fernández a Fabiola Yañez”, uma reportagem do jornal Clarín (Argentina) sobre as denúncias de maus-tratos por parte do ex-presidente argentino Alberto Fernández, que levou a um processo judicial contra ele, que ainda está em andamento.
Cooperação Internacional e Ação Humanitária. Premia a difusão de valores relacionados à educação, ao esporte ou à criação de sociedades mais justas.
Os finalistas são:
– “Operación Retuit” (Venezuela), um trabalho colaborativo de 14 veículos de comunicação e dezenas de profissionais da aliança Venezuela Vota e #LaHoradeVenezuela, articulado pela plataforma jornalística CONNECTAS. Ele expõe a situação do jornalismo venezuelano, “em risco devido à crescente repressão e perseguição” após as eleições de julho de 2024.
– “El negocio de la solidaridad”, da série “Misión de Cuba en Angola”, publicada pelo portal El Toque (EUA). Expõe, pela primeira vez, as receitas milionárias da rede de negócios das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba no país africano.
Jornalismo ambiental. Distingue contribuições para a comunicação sobre modelos de desenvolvimento sustentável.
Os finalistas são:
– “Veneno en el grifo: ruta por la España sin derecho al agua potable”, produzido pela DATADISTA e publicado por elDiario.es (Espanha), um documentário interativo sobre mais de 1 milhão de pessoas que vivem em pontos críticos de poluição da água.
– “El mundo es de papel y con papel se compra: bosques finlandeses en la pampa uruguaya” (Espanha-Uruguai). Publicado pela Revista Late – uma rede sem fins lucrativos de jornalistas ibero-americanos -, revela o impacto no Uruguai da transformação de eucalipto em pasta de celulose desenvolvida pela multinacional finlandesa UPM.
Jornalismo cultural. Reconhece os valores relacionados à cultura com o objetivo de criar sociedades mais informadas e promover o pensamento crítico.
Os finalistas são:
– “Ucrania y la palabra oprimida: Victoria Amelina”, publicado pelo site da RCN RADIO (Colômbia), uma homenagem à escritora ucraniana Victoria Amelina, que morreu em um bombardeio da Rússia.
– “Mama Antula, la historia del milagro argentino. Paso a paso, cómo fue la vida de la santa argentina que sorprendió a Occidente”, publicado pelo jornal La Nación (Argentina). Focado na primeira santa argentina, declarada pelo Vaticano em 2024, após um processo de canonização que durou mais de um século.
Fotografia. Premia a melhor imagem ou reportagem gráfica que explore todas as possibilidades desse meio.
Os finalistas são:
– “Seca na Amazônia”, de Lalo de Almeida (Brasil), publicada no jornal Folha de S.Paulo, sobre a seca extrema que castigou a Amazônia.
– “Os Desabrigados da Humanidade”, de Fabio Alarico Reixeira (Brasil), publicado pela Plataforma 9, uma iniciativa pública que usa a narração de histórias para promover mudanças construtivas na sociedade. Um retrato dos sem-teto que coletam lixo e resíduos industriais, adoecem e morrem nas ruas sem a ajuda do Estado.
Veículos de Comunicação da Ibero-américa. Destaca o trabalho informativo dos veículos de comunicação ibero-americanos.
Os finalistas são:
– La Prensa (Nicarágua). A veículo de comunicação mais antigo da Nicarágua (99 anos), está ando por um de seus períodos mais difíceis depois de superar três ditaduras, censura, bombardeios e o assassinato de seu diretor Pedro Joaquín Chamorro em 1978.
– Clarín (Argentina). Fundado em 1945, o Clarín é um veículo de comunicação de referência na sociedade argentina e um dos mais importantes do mundo em língua espanhola.
Brasil e Espanha no topo das indicações
O Brasil é o país com o maior número de indicações (58), seguido por Espanha (53), Colômbia (43) e Argentina (24), além de 15 indicações de jornalistas de vários países da região.
Por categorias, Jornalismo Narrativo foi a mais disputada, com 112 inscrições, à frente de Meio Ambiente (54), Cooperação (34), Cultura (30), Fotografia (14) e Veículos de Comunicação (12).
A seleção foi feita por um júri composto pelo presidente da Agência EFE, Miguel Ángel Oliver; pelo diretor da AECID, Antón Leis; por Martha Ramos, presidente do Fórum Mundial de Editores da WAN-IFRA e diretora editorial geral do grupo Organización Editorial Mexicana (OEM); Carlos Lauría, diretor executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP); Luisa Meireles, diretora de informações da Agência Lusa (Portugal); Laura Puertas, diretora de informações do grupo Medcom (Panamá); e Sonia Pérez Marco, diretora de imprensa e comunicações do Instituto Cervantes.
Os vencedores serão anunciados no próximo dia 20, e os prêmios serão entregues em uma cerimônia presidida pelo rei da Espanha, Felipe VI, em uma data ainda a ser determinada. EFE