Moscou (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta terça-feira a criação de uma lista de empresas estrangeiras que deixaram o país e agora estão considerando retornar quando terminar a guerra na Ucrânia.
“Peço ao governo que atualize a lista de empresas estrangeiras que suspenderam suas atividades na Rússia e também que desenvolva um procedimento para seu retorno”, disse Putin, dirigindo-se à União de Industriais e Empresários da Rússia.
Putin especificou que esse mecanismo, “que deve ser o mais transparente possível”, deve incluir garantias de concorrência leal no mercado russo.
“Agora há empresas que saíram e querem retornar. Sabemos que… a Rússia continua sendo um país aberto. Quem quiser retornar, por favor, faça isso competitivamente e dentro de nossa estrutura legal”, observou.
Garantiu que “não haverá privilégios ou preferências” para as empresas que retornarem.
“Se o nicho de empresas ocidentais já está ocupado por uma empresa russa, então, como dizem, o trem já partiu”, afirmou.
O mandatário russo, que reconheceu há dias que já existem consultas a portas fechadas com empresas estrangeiras, também pediu ao poder executivo que elimine a possibilidade de empresas que abandonaram seus negócios na Rússia à própria sorte e agora recompram seus ativos “por pouco dinheiro”.
Além disso, também elogiou as empresas que deixaram o mercado russo sob “pressão política”, mas mantiveram tanto pessoal quanto tecnologia e entregaram a gestão a cidadãos russos.
Na verdade, acrescentou, “eles continuaram a operar em nosso mercado, mas sob uma marca diferente”.
Putin destacou que os interesses das empresas russas e de seus trabalhadores “sempre” terão prioridade sobre os das empresas estrangeiras.
Nas últimas semanas, à medida que avança a normalização das relações com os Estados Unidos, altas autoridades russas têm feito alusão ao possível retorno de empresas estrangeiras, principalmente ocidentais.
Nesse sentido, o vice-primeiro-ministro russo, Denis Manturov, pediu hoje o desenvolvimento de “critérios comuns tendo em vista a perspectiva de empresas ocidentais retornarem ao nosso mercado”.
“Os próprios princípios de atração de investimento estrangeiro devem mudar (…). O controle de t ventures deve permanecer nas mãos dos beneficiários russos. Isso também se aplica aos direitos tecnológicos”, disse.
Anteriormente, o ministro da Economia russo, Maxim Reshetnikov, declarou que as empresas que retornarem à Rússia não poderão contar com as mesmas condições de antes do conflito.
“Está claro que a economia russa mudou. Portanto, as demandas sobre empresas estrangeiras em relação à localização, investimento e tecnologia serão diferentes”, afirmou.
A primeira rodada de negociações entre altos representantes de Rússia e EUA, em fevereiro, em Riad, gerou especulações sobre um possível retorno de empresas americanas ao mercado russo.
O chefe do fundo soberano russo, Kirill Dmitriev, que participou das negociações na Arábia Saudita, deu início a essas especulações prevendo “o retorno de várias empresas americanas já no segundo trimestre de 2025”. EFE