Nova Delhi (EFE).- O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, destacou nesta terça-feira a Índia como uma parceira comercial e política ambiciosa dos EUA, em contraste com o Ocidente, cujos líderes chamou de medrosos em suas tomadas de decisão, e assegurou que um futuro próspero no século XXI depende de laços fortes entre Washington e Nova Delhi.
“Existe uma sensação de infinitas possibilidades na Índia, e isso contrasta notavelmente com a situação no Ocidente, onde alguns líderes parecem sobrecarregados pela insegurança e pelo medo do futuro”, disse Vance durante um evento na cidade de Jaipur, localizada a cerca de 200 quilômetros a sudoeste de Nova Delhi.
O vice-presidente americano chegou ontem à Índia, acompanhado de sua esposa, a segunda-dama Usha Vance, de origem indiana, e seus três filhos, para iniciar uma visita oficial, embora claramente pessoal, ao país asiático, que terminará na quinta-feira.
Durante seus comentários, Vance elogiou a Índia como uma parceira com interesses comuns em matérias de comércio e segurança global e afirmou que o futuro do século XXI “dependerá da força da parceria entre Estados Unidos e Índia”.
O vice-presidente acrescentou que Washington agora vê Nova Delhi como igual, diferentemente de outras nações ocidentais ou governos anteriores dos EUA, que, segundo ele, abordaram a Índia com condescendência e “com uma atitude moralista” sobre o que deveriam ou não fazer.
“Em vez de investir no futuro, eles frequentemente se desviam dele”, disse sobre seus parceiros ocidentais, observando que, enquanto tomam decisões questionáveis para seu futuro, que aumentam sua dependência de “adversários estrangeiros”, como o fechamento de usinas nucleares, estão impedindo países como a Índia de crescer.
“O presidente Donald Trump rejeita essas ideias fracassadas. Ele quer que os Estados Unidos cresçam, ele quer que a Índia cresça”, enfatizou.
Para marcar este novo capítulo nas relações entre EUA e Índia, os dois países estão negociando um Acordo Comercial Bilateral (BTA, na sigla em inglês), cujos Termos de Referência para as negociações já foram finalizados, anunciou a Casa Branca ontem após uma reunião entre Vance e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Apesar dos elogios ao seu aliado indiano, o vice-presidente americano classificou Modi como um “duro negociador”, palavras semelhantes às usadas anteriormente pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para descrever o mandatário indiano.
Colaboração na defesa
Vance pediu que a Índia aumentasse sua colaboração de defesa com Washington e solicitou que Nova Delhi comprasse mais equipamentos militares dos EUA.
“Acreditamos que a Índia tem muito mais a ganhar com sua contínua parceria de defesa conosco. É claro que queremos colaborar mais, trabalhar mais juntos e queremos que sua nação adquira mais de nossos equipamentos militares, que acreditamos sinceramente serem de classe mundial”, disse.
Ele citou os caças de quinta geração F-35 dos EUA, dizendo que eles dariam à Força Aérea indiana “a capacidade de defender seu espaço aéreo e proteger seu povo como nunca antes”.
Vance enfatizou que a defesa é talvez “a área mais importante” para EUA e Índia.
“Em matéria de defesa, nossos países desfrutam de um relacionamento próximo, um dos mais próximos do mundo. Os Estados Unidos realizam mais exercícios militares com a Índia do que com qualquer outra nação do planeta”, disse Vance.
O vice listou as áreas de colaboração específica nas quais os dois países estão trabalhando juntos e destacou o roteiro de defesa acordado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e Modi em fevereiro.
“Não estamos (colaborando na defesa) porque buscamos a guerra, mas porque buscamos a paz, e acreditamos que o melhor caminho para a paz é por meio da força compartilhada”, enfatizou Vance.
A Índia é um dos principais aliados dos EUA na Ásia e é vista por Washington como uma possível alternativa à hegemonia da China na região.
Modi viajou para Washington em fevereiro, onde se encontrou com Trump e começou a redigir este acordo, com o que a Índia pretende limitar os danos causados pelas chamadas tarifas recíprocas impostas pelos EUA, que estão temporariamente suspensas.
No caso da Índia, a taxa de imposto era de 26%.
A visita de Vance é a primeira de um vice-presidente americano à Índia em 12 anos, após a visita de Joe Biden enquanto estava no cargo. EFE