Dmitry Peskov. EFE/Arquivo/MAXIM SHIPENKOV

Kremlin defende afirmação de Trump de que Ucrânia não pode mais reivindicar a Crimeia

Moscou (EFE).- O Kremlin defendeu nesta quinta-feira as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a Ucrânia não pode mais reivindicar a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, pois a perdeu “há anos”.

“Isso corresponde totalmente à nossa posição e ao que temos dito há muito tempo”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva diária por telefone.

Trump afirmou que “a Crimeia foi perdida há anos” depois que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que nunca reconheceria a ocupação da península pela Rússia.

“Essas declarações são muito prejudiciais para as negociações de paz com a Rússia. Ninguém está pedindo a Zelensky que reconheça a Crimeia como território russo, mas se ele a quer, por que eles não lutaram por ela 11 anos atrás, quando foi entregue à Rússia sem que um tiro fosse disparado?”, questionou.

Zelensky frisou que o reconhecimento dos territórios ocupados é uma “linha vermelha”, enquanto a Rússia considera a Crimeia uma parte inalienável de seu território desde sua integração à Federação Russa, o que está consagrado na Constituição.

“Não há nada para falar sobre isso. É a nossa terra, a terra do povo ucraniano”, disse o governante ucraniano.

De acordo com o portal americano “Axios”, o plano de paz de Trump inclui o reconhecimento dos EUA da Crimeia como parte da Rússia e o reconhecimento não oficial do controle de Moscou de quase todas as áreas ocupadas desde a invasão russa do país em 2022.

Além disso, “The Wall Street Journal” afirma que os EUA propam que a Ucrânia reconheça a península como território russo, renuncie à futura adesão à Otan e aceite o controle de Washington sobre a maior usina nuclear da Europa, a de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia.

Peskov disse que não discutiria publicamente os detalhes do plano de acordo.

“Insisto, o trabalho continua. Estamos focados em continuar o processo de acordo e valorizamos os serviços de mediação do lado americano”, acrescentou.

Até o momento, o Kremlin mantém a postura de que a soberania russa sobre a Crimeia e as quatro regiões ucranianas anexadas em 2022 é inegociável. Espera-se que o presidente russo, Vladimir Putin, discuta essa questão em breve, pela quarta vez nos últimos três meses, com o emissário da Casa Branca, Steve Witkoff. EFE