Vladimir Putin in Moscow, Russia. EFE/Arquivo/ALEXANDER KAZAKOV/SPUTNIK/KREMLIN POOL

Putin rejeita possível cessar-fogo e cúpula com Zelensky devido a “atentados terroristas”

Moscou (EFE).- O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou nesta quarta-feira um possível cessar-fogo na Ucrânia e também descartou a possibilidade de uma cúpula com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, depois de acusá-lo de apostar no terrorismo contra alvos civis em território russo.

“Hoje, em meio a pesadas perdas, recuando em todos os setores da frente, em uma tentativa de intimidar a Rússia, a liderança em Kiev se voltou para a organização de ataques terroristas”, disse Putin durante uma reunião com o governo transmitida ao vivo pela televisão.

O líder russo se referiu ao descarrilamento de dois trens no último fim de semana nas regiões fronteiriças de Bryansk e Kursk, que matou sete pessoas e feriu mais de cem, pelo qual Moscou culpou diretamente Kiev.

Ele enfatizou que “a decisão sobre tais crimes, é claro, foi tomada na Ucrânia em nível político”, referindo-se não apenas ao exército ou aos serviços secretos, mas também ao governo ucraniano.

“Todos os crimes cometidos contra civis, incluindo mulheres e crianças, às vésperas de uma nova rodada de negociações de paz proposta por nós em Istambul, sem dúvida, tinham como objetivo torpedear o processo de negociação. O ataque foi intencionalmente realizado contra a população civil”, argumentou.

Putin, visivelmente irritado, questionou sobre o que poderia conversar com alguém (Zelensky) que está interessado em terrorismo e não em paz.

“Ao mesmo tempo, eles estão pedindo o fim das ações militares por 30 ou até 60 dias. Mas como uma reunião como essa pode ser realizada nessas condições, para falar sobre o quê? Quem fala com alguém que está interessado em terror, em terroristas?”, questionou.

O chefe do Kremlin acrescentou que uma trégua serviria apenas para “encher o regime com armas ocidentais, continuar a mobilização forçada e preparar outros atos terroristas semelhantes aos cometidos nas regiões de Bryansk e Kursk”.

Ele também não ficou surpreso com o fato de Zelensky ter rejeitado a proposta de trégua de dois ou três dias em algumas áreas da frente para permitir que ambos os lados recolhessem seus cadáveres, já que, segundo ele, tudo o que a liderança em Kiev quer é permanecer no poder.

“E o poder para esse regime, aparentemente, é mais importante do que a paz e a vida das pessoas”, enfatizou.

Putin acrescentou que os últimos ataques ucranianos confirmam o medo da Rússia de que “o regime ilegítimo de Kiev, que usurpou o poder, se transforme gradualmente em uma organização terrorista e seus patrocinadores em cúmplices de terroristas”.

O governante russo rejeitou as críticas de Kiev sobre o nível da equipe de negociação liderada por seu assessor cultural, Vladimir Medinsky, que foi para Istambul na segunda-feira, dizendo que Zelensky lidera “um regime totalmente apodrecido pela corrupção”.

Na segunda-feira ada, a Rússia apresentou à Ucrânia um memorando exigindo que o país vizinho reconhecesse a anexação de cinco regiões, incluindo a península da Crimeia; renunciasse à adesão a blocos militares; reduzisse o número de tropas em seu exército; e convocasse novas eleições presidenciais e parlamentares no prazo de 100 dias após o fim da lei marcial.

Em seu memorando, Kiev rejeitou as principais exigências do inimigo e, em especial, recusou-se a aceitar sua neutralidade.

Na véspera da reunião, a Ucrânia lançou uma operação especial bem-sucedida que resultou na destruição de vários bombardeiros estratégicos russos em um ataque de drones em cinco campos de aviação, dois deles na Sibéria. EFE