O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi. EFE/Arquivo/Jorge Jerónimo

Chanceler iraniano afirma que ataque de Israel foi “uma declaração de guerra”

Teerã (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou nesta sexta-feira que o ataque lançado por Israel contra seu país nesta madrugada é “uma declaração de guerra contra a República Islâmica” por parte do “regime mais terrorista do mundo”, que já cruzou “todas as linhas vermelhas”.

“Essas ações coordenadas equivalem a uma declaração de guerra contra a República Islâmica do Irã e fazem parte de um padrão de comportamento ilegal e desestabilizador por parte de Israel na região, o que representa uma grave ameaça à paz e à segurança internacionais”, disse o ministro em um comunicado sobre as ações de Israel.

Araqchi advertiu ainda que o Irã reafirma seu direito inerente à autodefesa e, portanto, responderá “de maneira firme e proporcional” ao ataque israelense.

O Exército israelense atacou cerca de 100 alvos no Irã no início desta madrugada, incluindo oficiais militares de alto escalão e cientistas nucleares, mas também instalações sensíveis, como sua principal usina de enriquecimento de urânio, em Natanz, em meio à controvérsia sobre o programa nuclear iraniano.

Este “ato de agressão ilegal e hostil”, segundo Araqchi, “agrava de forma deliberada e imprudente uma crise que viola de maneira manifesta a Carta das Nações Unidas e as normas mais fundamentais do direito internacional”.

Os ataques tiveram como alvo “cidades, instalações nucleares de caráter pacífico, comandantes militares e civis”, enumerou o ministro, descrevendo o ataque à usina de Natanz como “uma ameaça perturbadora à paz e à segurança em nível regional e internacional”, ao criar “o risco de uma catástrofe radiológica”.

“Esta agressão também enfraquece ainda mais o regime global de não proliferação e mina a integridade do funcionamento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”, acrescentou, já que a usina de enriquecimento de urânio atacada está sob a supervisão desse organismo da ONU.

Ainda segundo Araqchi, os assassinatos seletivos de oficiais militares e cientistas iranianos em Teerã constituem “exemplos claros de terrorismo de Estado”.

“A responsabilidade por esses crimes atrozes foi assumida aberta e arrogantemente pelo próprio primeiro-ministro do regime”, denunciou.

O ataque de Israel viola “a soberania e a integridade territorial do Irã como Estado-membro independente das Nações Unidas”, ressaltou o ministro, mas também “representa atos de agressão e crimes de guerra” previstos nas Convenções de Genebra.

Por essa razão, fez um apelo aos órgãos da ONU para que condenem “imediata e categoricamente” as ações de Israel e ajam em conformidade, solicitando também a convocação “imediata e urgente” de uma reunião do Conselho de Segurança. EFE