Madri (EFE).- O presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, pediu nesta quarta-feira a renúncia da presidente da Comunidade de Madri, a conservadora Isabel Díaz Ayuso, porque Alberto González Amador, seu companheiro desde 2021, está sendo investigado por suposta fraude fiscal.
Durante uma sessão plenária do Congresso em que Sánchez e o líder conservador Alberto Núñez Feijóo se envolveram em uma dura troca de acusações, o presidente do governo pediu ao seu oponente em três ocasiões que exija a renúncia da sua correligionária.
Em resposta, Núñez Feijóo atacou Sánchez pelo “caso Koldo”, outra suposta corrupção na compra e venda de material de saúde durante a pandemia de covid-19, dessa vez entre os socialistas, da qual Koldo García, ex-assessor do ex-ministro socialista José Luis Abalos, entre outros, é acusado.
González Amador e outras quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público em 5 de março perante os tribunais de Madri por supostamente fraudarem as autoridades fiscais em 350.951 euros entre 2020 e 2021 por meio de um esquema de faturas falsas e empresas de fachada.
Além disso, vários jornais espanhóis publicaram que González Amador teria recebido quase dois milhões de euros em comissões por atuar como intermediário na compra e venda de material de saúde durante a pandemia.
Partidos pedem explicações a Díaz Ayuso
Vários grupos políticos exigiram “explicações” de Díaz Ayuso sobre a denúncia de seu parceiro, entre eles a segunda vice-presidente do governo e líder da plataforma Sumar, Yolanda Díaz, que exigiu que ela explique a fraude fiscal “extremamente grave” na qual ele pode ter se envolvido.
“Liberdade era isso, isso é o que a Sra. (Dñiaz) Ayuso nos disse que era liberdade”, ironizou a vice-presidente, antes de lamentar que, durante a pandemia, havia pessoas na Espanha que “estavam roubando”.
Ela também enfatizou que a corrupção “deve ser eliminada de onde quer que venha”.
O porta-voz socialista no Congresso, Patxi López, também pediu explicações, porque “não se fala apenas de um possível crime fiscal, mas também de um enriquecimento muito antiético”.
Diante das críticas, o próprio líder do Partido Popular, Núñez Feijóo, garantiu que a presidente da Comunidade de Madri dará explicações “completas” sobre o assunto.
“Não se preocupe, ela dará todas as explicações”, respondeu ele aos jornalistas quando perguntado nos corredores do Congresso.
Na terça-feira, a presidente regional disse que o governo espanhol estava por trás das acusações, e que, em sua opinião, estava realizando uma campanha contra ela.
Díaz Ayuso enfatizou que a acusação decorre de uma “inspeção fiscal de um cidadão que não tem nada a ver com a Comunidade de Madri”.
“Isso faz parte do que venho sofrendo há cinco anos”, disse ela, referindo-se ao fato de que não é o primeiro membro da família ou pessoa próxima a se envolver em controvérsia sobre pagamentos por compra e venda.
Ela acrescentou que estava ciente da inspeção fiscal de seu parceiro e que sabia que “eles iriam tentar” criar um “complô” com ela, cuja existência negou. EFE