Miguel Angel Oliver. EFE/Arquivo/Quique Curbelo

Miguel Ángel Oliver: “Manual de estilo da EFE é um guia de democracia”

São Paulo (EFE) – O presidente da Agência de notícias EFE, Miguel Ángel Oliver, disse nesta segunda-feira, durante a apresentação do “Novo Manual de Estilo Urgente”, em São Paulo, que o livro é um “guia de democracia”.

“O novo Manual de Estilo da Agência EFE é um guia de democracia. Um livro de estilo dessas características não poderia existir em uma ditadura”, ressaltou Oliver em discurso de encerramento da mesa redonda “O que acontece com o espanhol no Brasil?”, realizada na sede do Instituto Cervantes na capital paulista.

Para Oliver, o livro, editado em conjunto com o Cervantes, estabelece um poder “mais horizontal”, marca o caminho e posiciona a língua espanhola como uma ferramenta para todos que se torna uma “garantia de democracia”.

O presidente da EFE disse que o primeiro guia que deu origem ao Manual de Estilo nasceu nos “primeiros os” da democracia espanhola, em 1975, quando, após a morte de Francisco Franco, foi inaugurado um período de transição.

Ele também destacou na promoção do idioma o papel da Agência EFE, que a cada ano introduz mais de 3 milhões de notícias no sistema de informação global em diferentes formatos, a maioria delas em espanhol.

A EFE, segundo Oliver, “é o óleo que move o espanhol globalmente” e, “junto com o Instituto Cervantes, é uma arma da autêntica diplomacia espanhola no mundo”.

O Manual de Estilo, cuja primeira edição foi publicada em 2011, tem uma estrutura diferente, revisa e reescreve grande parte de seu material e incorpora muitos aspectos que surgiram ou ganharam importância nos últimos anos nas redações da EFE e de todos os veículos de comunicação, como redes sociais e inteligência artificial.

Papel do espanhol no Brasil

Durante o debate que antecedeu o discurso do presidente da EFE, os jornalistas que participaram da mesa redonda concordaram que a língua espanhola está ganhando terreno no Brasil, apesar de algumas decisões políticas terem levado a uma redução no número de estudantes de espanhol no país.

“Apesar de o Brasil ter fronteiras com a maioria dos países latino-americanos, o espanhol tem sofrido muitos altos e baixos nos últimos tempos”, explicou a moderadora do debate, a diretora de comunicação do Instituto Cervantes, Sonia Pérez Marco.

A reforma promovida pelo governo de Michel Temer em 2016, focada no Ensino Médio, que aboliu a obrigatoriedade do ensino de espanhol nas escolas, foi citada como um dos principais motivos para essa queda.

Fernanda Godoy, editora do jornal “Valor Econômico”, destacou que 60% dos alunos do Ensino Médio optam por fazer o vestibular em espanhol, e não em inglês.

O mesmo argumento foi apresentado por Carla Jiménez, editora da seção de Política do portal “UOL”, que afirmou que “o espanhol vai ser imposto de uma forma ou de outra” e que isso provavelmente acontecerá “de baixo para cima”, ou seja, como uma demanda do povo à classe política.

Ambos destacaram a cultura como um veículo para o idioma, citando o caso da cantora Anitta e sua colaboração com o porto-riquenho Luis Fonsi, ou os filmes do diretor espanhol Pedro Almodóvar.

“O cinema é outra fonte inesgotável de relação afetiva com o espanhol. A sociedade brasileira consome o espanhol e o considera natural”, disse Jimenez.

O delegado da EFE no Brasil, Manuel Pérez Bella, afirmou que o espanhol no país se tornou uma questão de polarização política entre “esquerda e direita”, na qual os partidos mais conservadores defendem o ensino do inglês, e os mais progressistas priorizam a integração latino-americana e buscam promover o espanhol. EFE